Local onde ficava o Fedzys Maravilha. Um trabalho de paisagismo vem sendo realizado por construtoras. |
Tinhamos entre 13 e 17 anos e o
Trevosk havia sido fundado a menos de 1 ano. Estavamos começando a ter
dificuldades de conseguir jogos. Foi através de uns primos de Bértemes que
contatamos um grupo de peladeiros do bairro Abraão. Um time sem uniforme completo, com jogadores
descalços e muita disposição. Não tinham um nome exato. Por algumas vezes
alguém dizia: Somos o AEBA (Associação Esportiva do Bairro Abraão), mas esse nome
nunca caiu na graça de ninguém.
Naquela época o Trevosk por si só
inventava os nome dos adversários tanto dos jogadores como das equipes. A história;
éramos nós que fazíamos.
Assim Renato batizou-os de New Thenxerptus ou explicando: Novo Time
de Enxertos. Enxerto era a gíria que usávamos para jogadores inseridos
forçadamente nas equipes apenas com intuito de procurar resultado, sempre mais velhos
e mais boleiros em relação ao resto.
No entanto, o pitoresco disso
tudo, nem eram os jogadores adversários e sim o local dos confrontos.
Saiamos a pé do Kobrasol, numa
verdadeira procissão até o bairro Abraão. Descíamos na marginal da via expressa
e adentrávamos literalmente no meio do mato. O campinho , que batizamos de
“Fedzys Maravilha” ficava incrustado no meio de um pequeno matagal fechado perdido
num bairro que ainda estava nascendo. Quem transitasse pelas vias urbanizadas
nos arredores jamais poderia acreditar que no meio daquele verde existisse um
campo de futebol.
Ali isolados do mundo, rolavam
confrontos recheados de rivalidade e cheios de situações marcantes na juventude
de cada um. Ali o lúdico e o improviso encheu o coração juvenil de cada
adolescente. Estávamos correndo atrás da bola num cenário um tanto quanto
improvável estávamos consumindo nossa infância e juventude.
Quem um dia jogou no “Fedzys
Maravilha” poderá contar a seus netos histórias emocionantes, poderá dizer até
mesmo que se uma onça surgisse no meio do jogo isso talvez não seria tão
estranho. Poderá contar da vez que Bértemes saiu correndo atrás de Barroco no
meio do mato, que aquilo era um divisor não só para aqueles garotos, mas pra
todos os garotos que gostam de futebol.
Foi a partir do final dos anos 80,
com o salto imobiliário, que as transformações começaram nas paisagens urbanas.
Os terrenos começaram a rarear, as crianças começaram a partir para outras
brincadeiras a bola foi ficando deixada de lado.
O Fedzys Maravilha e os
confrontos contra a rapaziada do New Thnxerptus (Grespói, Evandro, Claudio,
Gabriel etc etc) podem ser vistos como uma despedida de um time de guris, para
no futuro renascer já desprovidos de qualquer inocência. Um canto do cisne do
Trevosk original.
E a verdade é que, aquele número
de confrontos nunca foi batido. Foram 18 duelos de muito equilíbrio, muita rivalidade
e muita história pra contar.